23/06/2011

Energia Sexual - Miramez, João Nunes Maia



Energia Sexual - Miramez

O sexo é o santuário de vidas do reino animal, é um laboratório divino, pelo qual duas almas se unem, descobrindo o lar, reencontrando antigos companheiros de lutas evolutivas. Eis porque sua presença na Terra, na gradação em que se encontra a Humanidade, é uma das mais expressivas, senão a maior. Ele também é o (um dos) canal do amor.


A função sexual é a que anda mais de perto com a responsabilidade, por ser uma energia preponderante que extravasa em todos os sentidos e qualidades da alma. A sua influência é hipnótica, carecendo de bastante rigor no campo educativo. O complexo humano, sendo um carro, o sexo é o motor e o combustível é a mente. Se quiserdes, accionareis o veículo a qualquer hora, pelo pensamento.


Os homens de priscas eras desregraram-se em todas a nuances emotivas: enfraqueceram o tonus espiritual da vida pelo abuso, marginalizaram-se diante do esplendor da vida, e pelo fanatismo, passaram para o outro extremo, abstendo-se de sexo, ou se fazendo castos, pela imprudência religiosa.

O caminho mais acertado é o do meio, o uso de tudo com que a natureza dotou o ser humano, com prudência, nas linhas que a consciência aprovar, e o bom senso discernir, pela inspiração divina.

O Espírito quando mais adiantado na evolução, quando reencarna, por não sentir necessidade dessas emoções, sabe transmutá-las e dividi-las em tarefas sublimadas, ou usá-las dentro da dignidade, o que não faz diminuir sua postura espiritual já conquistada em milénios de experiências.


O sexo é o alicerce constituído pela vida e para a vida, é uma fonte inesgotável de energia criadora, que merece respeito e veneração de todos os seres. Esse mundo de sensações, que chamamos de santuário, e por vezes de prostituição, é o brotar energético da mais intensa aglutinação de valores, onde o bom senso deve estar activo para o seu devido uso, sem perversão, porquanto é o campo genético responsável pelas reencarnações dos espíritos na arena física.


O ato sexual entre casais que se amam profundamente, em que a sintonia dos sentimentos ultrapassa todos os problemas da vida, em que a amizade está completamente envernizada na moral e na honestidade, se dá como transfusão de energias da vida de um para o outro, uma lubrificação nas engrenagens morfológicas, um acalmar do sistema neuro-vegetativo e um ritmar das forças cerebrais. No entanto, quando isto acontece fora das leis acima referidas, tudo se altera, desde a infra-estrutura molecular até ao corpo perespiritual. São magnetismos dissonantes, permutados sem campos de aceitação.

O casamento é uma instituição da Terra, para disciplinar também o instinto sexual. Ele, de qualquer maneira que se apresentar, lutando com todos os climas de inferioridade da alma, é um suporte elevado, que faz alguma coisa para a serenidade da consciência. Os filhos são igualmente lábaros com inscrições disciplinares, que fazem os pais se reterem diante de muitos impulsos, que os levariam ao descrédito moral, como os pais são balizas ou roteiros, a reflectirem na memória dos filhos, para incentivar estes ao necessário corrigir dos impulsos menos edificantes que trazem de vidas passadas.

O sexo agora está sendo o ponto primordial de todas as cogitações humanas. Há regressão da colectividade? Não!... Apenas está se aflorando aquilo que estava dentro, em pleno sono (talvez pela repressão secular a que fomos submetidos pela religião católica que colocou a chancela da culpa e do pecado original em tudo que se refira à sexualidade). A Humanidade avança, queira ou não, e as suas forças convergem para o centro, onde está o equilíbrio da vida e das coisas, onde Deus se encontra. Estamos passando por um período de reajustamento espiritual e é justo que soframos pressões de todas as ordens, para que despertemos em nós a resistência. Carecemos de disciplina, de educação, de paz, e é somente na intensa luta que as conquistamos. E as maiores verdades ainda são as de Jesus. O Evangelho, esclarecido à luz do Espiritismo, é o ponto culminante para conhecermos a verdade que nos libertará.

Horizontes da Mente, Miramez, João Nunes Maia
(7.ª edição, 1992, Editora Espírita Cristã Fonte Viva, Brasil, p.99)

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