14/09/2011
Curas Espirituais
Cura Espiritual
De modo geral,
denomina-se como “Cura Espiritual” o restabelecimento da saúde por métodos
executados não pela medicina oficial, mas por meios paranormais. É de
muito tempo que o trabalho do homem, crente ou não, tem influído na saúde de
seu próximo. As tribos, os povos não desenvolvidos e os Sacerdotes e Pitonisas
da antiguidade restabeleciam a saúde de seus semelhantes por meios
desconhecidos até por eles mesmos. Só com a vinda de Jesus é que estes
atos foram executados de forma consciente. No Brasil, em
1900, Leopoldo Cirne fez o primeiro relato escrito sobre o assunto, a fim
de levá-lo para Paris, no IV Congresso Espírita. Na Europa, naquela
época, já se realizavam tratamentos de doenças através de
magnetização praticada por Espíritas, Martinistas, Rosacruzes,
Positivistas, Teosofistas etc., que defendiam a imortalidade da alma, o
intercâmbio entre vivos e mortos e a reencarnação. Depois de Allan Kardec,
apareceram os médiuns curadores, até que, em 1888, os espíritas da Espanha
fizeram demonstrações práticas na presença de cientistas e investigadores. Estes
trabalhos foram realizados por J. Fernandes, discípulo de Kardec.Em 1889, nas
comemorações do primeiro centenário da Revolução Francesa, reuniu-se em
Paris o II Congresso Espírita, agora representado por espíritas e
espiritualistas em geral. É de conhecimento geral que os sacerdotes faziam
sessões de cura em seus conventos, invocando o Espírito Santo. Porém,
perde-se na noite dos tempos o momento em que a cura por processos não médicos
foi utilizada, como benzeduras, mesinhas, sacrifícios de animais e outros
tantos processos usados pelo homem para socorrer seus semelhantes. Vemos isto
principalmente entre tribos brasileiras e africanas, fatos que deram lugar à
expressão irônica de Bocage: “Unta-se num instante, a perna torna a crescer e
fica melhor que dantes”. Isto fere o princípio de minha querida ortopedia.
Condições Necessárias
Antes de tudo, há
que se ter uma fé sincera, atuante, não vacilante. Um dos motivos pelo qual,
muitas vezes, a cura espiritual não se realiza é simplesmente a falta de
fé. Entenda-se aqui que esta fé é a convicção, não o fanatismo. Foi o
próprio Jesus quem sentenciou: “Tudo é possível para aquele que crê”. Não
é somente fé em quem pratica o ato da cura, mas também em quem recebe. As
vibrações fecundas de um e de outro se traduzem em um ajustamento
energético que, mesmo fora do campo espiritual, produz resultados
prodigiosos. A medicina oficial está cheia de processos psicossomáticos e de
placebos, todavia, o médium curador não deve se entusiasmar demais, para
não ser vítima de animismo e nem da empolgação de que ele é agente. Sabemos
que mesmo na cura por métodos puramente físicos, somos intermediários. Este
conceito ainda não está arraigado nos médicos, o que tiraria deles a empáfia de
curadores e salvadores. Falta a muitos a humildade de compreender que não
obteremos sucesso sem a presença de Deus e a intermediação dos bons
companheiros. É justamente isso que tem feito o fracasso de um lado e de
outro do tratamento, quer espiritual, quer medicamentoso. É este conceito de fé
que prova o tratamento e o diagnóstico à distância nas curas espirituais, o
que alguns rotulam de “tratamento por ausência”. Além disso, exige-se do
médium de cura uma conduta ilibada, alimentação adequada, pontualidade,
humildade, senso de autocrítica, instrução espiritual precisa, renovação de
seus conhecimentos espirituais, disciplina, bom relacionamento com outros
médiuns e respeito afetuoso com quem vai curar. Sem essas qualidades, um
médium curador não obtém êxito.
Sucesso e Fracasso na Cura
Espiritual
Existe sucesso na
cura espiritual mais do que pensamos ou sabemos. Em nosso modo de ver, o
merecimento é o elemento primordial para uma cura espiritual, além da harmonia
mental do médium e do doente, a
assistência espiritual requerida ou apresentada, a correta manipulação dos
fluidos, a vontade e o desejo de se curar. Baseado no harmonioso conjunto
mente e corpo, traduz uma possibilidade indiscutível de êxito. Essa
harmonia justifica muitas vezes o tratamento à distância, confirma o valor
mental do médium e assegura a confiança do doente. Isto se confirma
inúmeras vezes nas doenças tidas como incuráveis, nas quais até a
recomposição de órgãos está provada através de exames específicos. Diagnósticos
imediatos, tratamento espetacular, informes dos pacientes e atestados de
observadores e de profissionais da área comprovam firmemente o sucesso das
curas espirituais e a sobrevida dos beneficiados. As operações realizadas em
condições precárias e inadequadas, assistidas por quem entende, provam esses
sucessos e consolidam a crença de quem se dedica a elas. Entretanto, há
fracassos e muitos na cura espiritual. A descrença, a impontualidade e a
desídia concorrem muito para isto. É preciso saber e conveniente dizer que
as leis cósmicas não podem ser superadas pelos homens. Logo, em uma doença
cármica, só Deus pode curar. Ambrósio Paré, que não era espírita, dizia aos
seus doentes: “Eu te operei, Deus te curará”. Se ele, que fazia uma
amputação de coxa em sete minutos, tinha humildade, avaliamos hoje que, com
todo conhecimento de que dispomos, não temos nem podemos ter a pretensão de curar.
Somos instrumentos da vontade de Deus, pois se não fosse assim, se a cura
se realizasse só por nosso saber, todas as doenças seriam curáveis. Há outros
fatores que concorrem para o fracasso da cura espiritual, como o ambiente
desarmonioso, a falta de compostura do médium, a indisciplina do doente e
o defeito na reforma íntima. É indiscutível que quem se aventura a fazer
cura espiritual tem que se precaver com uma série de cuidados, a fim de
não ser surpreendido por chantagens, simulações, ciladas e tantos outros
recursos daqueles que descrêem e acusam o Espiritismo de mistificação. Assim, necessitamos
de um bom diagnóstico científico, tanto quanto possível, da assistência de
um médico espírita e de provas necessárias de doenças verídicas. As
doenças psicossomáticas, mesmo que possam parecer duvidosas, têm respaldo
científico e orientação espiritual, para que o médium não seja chantageado. A
presença de pessoas discordantes, obsediadas ou inconvenientes é outro motivo
de precaução para o tratamento espiritual. Somos partidários de um
ambiente reservado exclusivamente para este mister. O médium curador deve
evitar a todo custo a recompensa espiritual, principalmente a
pecuniária, para não misturar indesejavelmente as coisas.
“Dar de graça o
que se recebe de graça” deve ser uma constante na cabeça de quem faz cura
espiritual. O amor de Deus e a presença de Jesus são recompensas maiores
que o ouro do mundo.
Quem deve fazer Cura Espiritual?
Todo ser dotado de
fé, forrado de boa vontade e conhecedor do predomínio do espírito sobre a
matéria tem condição de fazer cura espiritual. Porém, como em matemática,
isto é necessário, mas não é o suficiente. A aptidão para realizar tal atividade
vem com o indivíduo desde o nascimento e desenvolvê-la é indispensável quando
há vontade de se dedicar a este trabalho. Assim, o médium que é instruído,
esclarecido, informado ou treinado para isto não deve se eximir desta missão. Alguns
centros espíritas preparam certos médiuns para a cura. É necessário muito
critério por parte do próprio dirigente e dos médiuns que vão se dedicar a
isto, pois o fato de querer não justifica a indicação, é preciso poder,
ter aptidão, ser preparado. Há centros que exigem cursos de até quatro
anos, exigência que revela o escrúpulo e o respeito que estes locais têm pelo
trabalho de seus médiuns e de sua reputação. Portanto, precisamos ser
exigentes na prática da cura espiritual. O que ocorre sempre é que um
médico desencarnado incorpora em um médium, que geralmente não é
diplomado, para a realização da cura espiritual. Comumente também, não é
somente um, mas um grupo de médicos desencarnados que se unem a fim de
levar ao doente a influência de seus conhecimentos e apresentar a habilidade de
transmitir ao médium a possibilidade de ser utilizado para este fim. A água
fluidificada e o próprio magnetismo do médium colaboram de maneira eficiente na
realização do ato de cura, principalmente quando este é operatório. Não se
infira daí que isto não possa acontecer à distância. Pode sim, pois o
transporte da equipe curadora não tem obstáculo para ir onde é necessário o
benefício da cura. O ritmo e o número de vezes que isso tem ocorrido prova
tal afirmativa. Uma outra condição para o poder da cura é a facilidade de
saber manejar o ectoplasma, porque este deverá ser usado como
substituto de um órgão ou de parte dele e isto quem vai doar é o próprio
médium.
Convencendo-se
da utilização da Cura
Sabemos que a cura
espiritual é um recurso ao qual a criatura humana recorre comumente quando
perdeu a esperança de recuperação pela medicina oficial. O paciente, em muitos
casos, procura os centros espíritas quando está desiludido e, às
vezes, são levados a eles até com descrença, por insistência de amigos. Todavia,
é forçoso confessar que o tratamento pela cura espiritual é tão eficiente e
seguro que um grande espírita brasileiro afirmou: “Se não fossem as curas
espirituais, coitados dos doentes do Rio de Janeiro”. O que precisamos é difundir
entre os profissionais de medicina os casos cientificamente comprovados de cura para
convencê-los a respeitar o tratamento espiritual. Aqueles que lidam com o Espiritismo
sabem que a cura se dá através dos fluidos magnéticos que o médium
transmite ao doente, porque o magnetismo simples pode fazer curas, mas
estas não são duradouras e são feitas para espetáculos públicos. A influência
do médium curador preparado suficientemente consegue, dizem os
entendidos, afastar um pouco o perispírito, que é onde justamente reside a
doença, para melhor agir nele e, por uma ação reflexa, agir no corpo. Assim
sendo, atuando sobre o perispírito, o médium vai alterar sua constituição
perturbada, restabelecendo sua organização natural e fazendo com que a
justaposição do perispírito ao corpo restabeleça a harmonia necessária
para a recuperação da saúde do paciente. É sabido que não há doença que
não deixe de agir no perispíritoe não há doença do corpo físico que não se
reflita naquele. Para isto, basta que o vidente desdobre a aura de seu
paciente. Quando se faz uma operação espiritual em um órgão ou se retira um
tumor deste, o ectoplasma do médium é enviado para aquela região para
recompor o órgão e restabelecer toda a sua função. É por isto que a cura é
definitiva, a função é recuperada e o aspecto do paciente é modificado. A
imposição das mãos revela a transmissão do fluido curador para seu paciente
e Jesus fez isto muitas vezes, ensinando este modo de agir. Entretanto, temos
confirmado a “cura à distância” ou a chamada “cura por ausência”, na qual
as mãos do médium não chegam lá, mas chegam os fluidos conduzidos por sua
força mental e pelos mensageiros do bem através do Fluido Universal. O
mundo está cheio de médiuns que realizam tais façanhas. A discussão da
veracidade das curas espirituais está apenas no campo teórico. Para quem deseja
se informar, o Espiritismo, especificamente no Brasil, pode responder aos
descrentes. A doutrina espírita está aberta para dar o testemunho sério e
honesto deste procedimento.
Curas Espíritas – Oswaldo de Souza
Associação Médico-Espírita do Brasil
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