28/07/2009

CURSO BÁSICO DE ESPIRITISMO - Transmigrações Progressivas, Pluralidade dos Mundos Habitados


TRANSMIGRAÇÕES

PROGRESSIVAS,

PLURALIDADE DOS MUNDOS

HABITADOS


Há, para o espírito, existências corporais de que ele nenhum resultado colhe, porque não as soube aproveitar, como existem aquelas em que ele bem aproveita, mas que nem por isso poderá passar da infância espiritual ao completo desenvolvimento.





1. TRANSMIGRAÇÕES PROGRESSIVAS


A vida do espírito compõe-se de uma série de existências corpóreas, cada uma representando para ele oportunidade de progredir. Há, para o espírito, existências corporais de que ele nenhum resultado colhe, porque não as soube aproveitar, como existem aquelas em que ele bem aproveita, mas que nem por isso poderá passar da infância espiritual ao completo desenvolvimento. É-lhe necessário realizar inúmeras encarnações em mundos diversos. Ninguém, por um proceder impecável na vida actual, poderá transpor todos os graus da escala do aperfeiçoamento e tornar-se espírito puro, sem passar pelos graus intermediários. Ao espírito cumpre progredir em ciência e em moral. A marcha dos espíritos é progressiva, jamais retrógrada. Eles elevam-se gradualmente na hierarquia e não descem da categoria a que ascenderam. Chegado ao termo que a Providência lhe assinou à vida na erraticidade, o próprio espírito escolhe as provas a que deseja submeter-se para apressar o seu adiantamento. Tais provas estão sempre em relação com as faltas que lhe cumpre expiar. Se delas triunfa, eleva-se; se sucumbe, tem que recomeçar. Mergulhado na vida corpórea, perde o espírito, momentaneamente, a lembrança das suas existências anteriores, como se um véu as cobrisse. Conserva algumas vezes vaga consciência dessas vidas, que, mesmo em certas circunstâncias, lhe podem ser reveladas; porém, só os espíritos superiores, espontaneamente, fazem tais revelações, e sempre com um fim útil e nunca para satisfazer a vaidade, o orgulho ou a vã curiosidade. As existências futuras, essas em nenhum caso podem ser reveladas, pela razão de que dependem do modo por que o espírito se sairá da existência actual e da escolha que ulteriormente faça. O esquecimento das faltas praticadas não constitui obstáculo à melhoria do espírito, porquanto, se é certo que este não se lembra delas com precisão, não menos certo é que a circunstância de as ter conhecido na erraticidade e de haver desejado repará-las o guia, por intuição, e lhe dá a ideia de resistir ao mal - é a voz da consciência. As vicissitudes da vida corpórea constituem expiações das faltas do passado e, simultaneamente, provas em relação ao futuro. Depuram-nos e elevam-nos, se as suportarmos resignados e sem murmurar.


2. PLURALIDADE DOS MUNDOS HABITADOS


Deus povoou de seres vivos os mundos, concorrendo todos esses seres para o objectivo final da Providência. Acreditar que só os haja no planeta que habitamos seria duvidar da sabedoria de Deus, que não fez coisa alguma inútil. As condições de existência dos seres que habitam os diferentes mundos hão-de ser adequadas ao meio em que lhes cumpre viver.


2.1.ESTUDO HISTÓRICO

Remontando às primeiras páginas dos anais históricos da humanidade, encontra-se a ideia da pluralidade dos mundos habitados, ou religiosa, pela transmigração das almas e seu estado futuro, ou astronómica, simplesmente pela habitabilidade dos astros. Todos os povos, e principalmente os hindus, chineses e árabes conservaram até aos nossos dias tradições teogónicas em que se reconhece a pluralidade das habitações humanas nos mundos que brilham por cima da nossa cabeça. Os Vedas, génese antiga dos hindus, professavam a doutrina da pluralidade das habitações da alma humana nos astros. O Egipto, berço da filosofia asiática, tinha ensinado aos seus sábios esta antiga doutrina. A maior parte das seitas gregas ensinaram-na, ou abertamente, a todos os discípulos sem distinção, ou em segredo, aos iniciados da filosofia. Thales, Anaximandro, Anaximene, Empédocles, Aristarco, Leucipo, e outros, ensinaram a pluralidade dos mundos habitados. Anaxágoras ensinou a habitabilidade como artigo de crença filosófica; partidário do movimento da Terra, suscitou invejosos e fanáticos, que o perseguiram, e quase o assassinaram, por afirmar que o Sol era maior que o Peloponeso. Pitágoras, Epicuro e a sua escola, Metródoro de Lampsaque, Anaxarque e Lucrécio também contribuíram com as suas afirmações favoráveis à pluralidade dos mundos habitados. Com o astrónomo polaco Copérnico, que derrubou a teoria da Terra como centro do Universo, abriram-se novos campos ao pensamento. Com a Terra colocada em seu devido lugar a possibilidade de vida noutros planetas passava a ter um fundamento científico. Com o auxílio do telescópio tornou-se claro que os planetas eram corpos celestes bastante parecidos com a Terra, e Giordano Bruno afirmou que seres vivos habitam esses mundos. Nos séculos XVI e XVII, sábios, filósofos e escritores consagraram bom número de livros ao problema da vida no universo. Na segunda metade do século XIX, Camille Flamarion lança o livro "A Pluralidade dos Mundos Habitados", que ganha enorme popularidade. O russo Constantin Tsiolkovski, pai da astronáutica, foi um ardoroso defensor da pluralidade dos mundos habitados. O homem, ao colocar em órbita, em 1957, o primeiro satélite artificial, inaugurou uma etapa inteiramente nova na história da ideia da pluralidade dos mundos habitados, operando uma revolução na consciência de todos nesta fase inicial de uma nova era da história humana, era do estudo directo e, algum dia, da conquista do cosmo.


2.2 PERSEGUIÇÃO RELIGIOSA À DOUTRINA DOS MUNDOS HABITADO


A interpretação errónea dos livros sagrados sobre a imobilidade da Terra e a aceitação dogmática do pensamento de Tertuliano, segundo o qual "não havia necessidade de nenhuma ciência depois do Cristo, e de nenhuma prova depois do Evangelho", encobriram durante muitos séculos a doutrina da pluralidade dos mundos habitados. Havia necessidade da religião oficial combater essa doutrina, porque vinha contrariar os seguintes dogmas:


a) A ENCARNAÇÃO DE DEUS SOBRE A TERRA


Não sendo a Terra mais do que um átomo insignificante no conjunto do universo, sobre o que se fundaria o privilégio de haver recebido em sua habitação o próprio Eterno, que não desdenhara descer a encarnar-se num pouco de poeira terrestre?


b) A CRIAÇÃO DOS ASTROS NA GÉNESE BÍBLICA


A doutrina da pluralidade dos mundos habitados viria trazer problemas inúmeros para a interpretação do livro de Moisés, que afirma terem sido os astros criados somente no quarto dia da criação, para iluminar a Terra e marcar-lhe o tempo e as estações do ano. Não sendo mais a Terra o privilegiado centro do universo, como conciliar a ideia que só depois de formar o planeta é que, no quarto dia, teria o Criador formado o Sol e a Lua? Daí o combate renhido da religião dogmática à doutrina dos muitos mundos habitados.


c) DESCENDÊNCIA ADÂMICA


Com a doutrina da vida em planetas incontáveis cairia por terra a doutrina de um único casal, únicas criaturas do universo, criado à imagem e semelhança de Deus para povoar a Terra. Havendo outros mundos e outros habitantes longe da Terra, por certo não descenderiam de Adão, e como tal Deus houvera criado em outros lugares e em outros tempos as suas criaturas, que deveriam lutar, sofrer, aprender, progredir na grande marcha evolutiva que se constitui lei do universo, sem ligação alguma com o pecado original do casal primitivo.


d) A PARADA DO SOL E DA LUA


Desaparecendo o suposto privilégio da Terra, por ser igual a milhões e milhões de outros mundos, também desapareceria o interesse do Senhor em aquinhoar um povo em detrimento do outro, e como, girando a Terra em torno do Sol, poderia o Senhor parar este, para que o dia se prolongasse? Tais argumentos colocavam em risco a credibilidade das escrituras sagradas, se interpretadas segundo o texto, merecendo então perseguição sistemática as doutrinas heliocêntricas da pluralidade dos mundos habitados.

e) A SALVAÇÃO DA HUMANIDADE PELO SANGUE DE JESUS 


O dogma afirma que o Cristo deu a sua vida em holocausto, para que o seu sangue lavasse a alma do homem, manchada pelo pecado original. Com a doutrina da pluralidade dos mundos habitados, existindo então humanidades que não estariam vinculadas ao primeiro casal da Terra, já não haveria lógica na salvação pelo sangue derramado do Cordeiro Divino. Para que esse dogma continuasse a vigorar entre os crentes não poderia haver outro mundo habitado além da Terra.


2.3 HÁ MUITAS MORADAS NA CASA DO MEU PAI


A casa do Pai é o Universo. As diferentes moradas são os mundos que circulam no espaço infinito e oferecem, aos espíritos que neles encarnam, moradas correspondentes ao adiantamento dos mesmos. Muito diferentes umas das outras são as condições dos mundos, quanto ao grau de adiantamento ou de inferioridade dos seus habitantes. Nos mundos inferiores a existência é toda material, reinam as paixões, sendo quase nula a vida moral. À medida que a vida moral se desenvolve diminui a influência da matéria, de tal maneira que, nos mundos mais adiantados, a vida é, por assim dizer, toda espiritual. Nos mundos intermediários misturam-se o bem e o mal. Sem fazer uma classificação absoluta, mas baseados no estado em que se acham e a destinação que trazem, os mundos podem ser: primitivos, destinados às primeiras encarnações da alma humana; de expiação e provas, onde domina o mal; de regeneração, nos quais as almas que ainda tem que expiar haurem novas forças; ditosos, onde o bem sobrepuja o mal; celestes ou divinos, habitação dos espíritos depurados, onde reina exclusivamente o bem. A Terra pertence à categoria dos mundos de expiação e provas.


2.4 UNIVERSO INFINITO, PROVA RACIONAL DA EXISTÊNCIA DE OUTROS MUNDOS HABITADOS


Não se pode olvidar, nos argumentos em estudo que falam da pluralidade dos mundos habitados, a vastidão do universo, que se torna cada vez mais ampla à medida que o homem vai melhorando a técnica de explorá-la, descobrindo novos planetas, sistemas solares, galáxias, etc. Com o avanço da astronomia e da astrofísica evidencia-se um universo infinito, e afirmar que só a Terra poderia ser habitada seria afirmar que a humanidade é uma excepção dentro das leis naturais ou divinas. Allan Kardec, em "A Génese", tratando da Orografia Geral, mostra quão insignificante é o papel da Terra no universo infinito, para ser o único planeta a servir de encarnação às criaturas. "Sabendo-se que a Terra nada é, ou quase nada, no sistema solar; que este nada é, ou quase nada, na Via Láctea; esta, por sua vez, nada, ou quase nada, na universalidade das nebulosas, e essa própria universalidade bem pouca coisa é dentro do imensurável infinito, começa-se a compreender o que é o globo terrestre."

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