1 - CLASSIFICAÇÃO DOS FENÔMENOS MEDIÚNICOS SEGUNDO AKSAKOF
Aksacof, no século passado, admitiu um tríplice determinismo para os fenômenos mediúnicos, perfeitamente válido à luz dos conhecimentos atuais.
Fenômenos explicáveis unicamente pelas funções clássicas da subconsciência e que, portanto, se situam nos domínios da psicologia - personismo (Aksacof), fenômenos subliminais (Myers), automatismo psicológico (Janet).
Fenômenos explicáveis pelo que hoje denominamos funções Psi ou, como diziam os metapsiquistas, “as faculdades supranormais da subconsciência”.
Aksacof reuniu-os sob a denominação de animismo, porque, na realidade, indicam que existe no homem um sistema não físico, uma alma.Infelizmente, a palavra tem várias acepções.Aplica-se à doutrina de Stahl que vê na alma o princípio da vida orgânica; significa a tendência a atribuir vida anímica a todas as coisas, inclusive objetos “inanimados” - como fazem as crianças e os povos primitivos - ou, ainda, a “crença segundo a qual a natureza é regida por almas, espíritos, ou vontades análogas à vontade humana” (Cuvillier - Pequeno vocabulário da língua filosófica”.)
O animismo, no sentido que lhe deu o sábio russo, é a terra própria da atual parapsicologia.
“Fenômenos de personismo e de animismo na aparência, porém reconhecem uma causa extra-mediúnica, supraterrestre, isto é, fora da esfera de nossa existência”.
Adsakof - “Animismo e Espiritismo”.) Allan Kardec criou a palavra espiritismo para designar os fenômenos desta natureza e suas implicações filosófico-religiosas.(Ref. 1)
2 - EXPLICAÇÃO NEUROFISILÓGICA
Grosseiramente, diríamos que o cérebro humano possui duas partes distintas no que se refere à sua atuação durante o fenômeno mediúnico.A primeira delas é o subcórtex representado pela substância branca existente no interior do cérebro, e a segunda é o córtex, representado pela substância cinzenta, que envolve aanterior formando uma membrana de alguns milímetros de espessura.No córtex existem por sua vez, duas partes bem configuradas, a anterior, conhecida como lobos frontais e uma outra que compreende todo córtex restante.São chamadas respectivamente córtex frontal e córtex extrafrontal.
Através do estudo de várias questões - ausência de diferenciação cortical nas crianças, psicocirurgias, evolução do cérebro dos animais, etc.- os cientistas chegaram à conclusão que o subcórtex e duas partes do córtex desempenham tarefas definidas e específicas no mecanismo da estruturação mental.
“Em síntese, eis, segundo Pavlov os aspectos básicos de nossa estrutura mental:
Atividade subcortical, representada pelos reflexos incondicionados, inatos(atividades fisiológicas, instintos, emoções).
Atividade cortical, que corresponde aos reflexos condicionados ou adquiridos e desenvolve-se em dois sistemas:
Primeiro sistema de sinalização: Comum aos animais e ao homem, responsável pelo pensamento figurativo, isto é, feito de imagens, concretas e particulares - os sinais da realidade.O primeiro sistema tem como substrato anatômico todo o córtex situado fora das áreas frontais e está em conexão direta com as vias aferentes que relacionam o cérebro com o mundo exterior.É a origem dos reflexos condicionados propriamente ditos.
Segundo sistema de sinalização: Característico da espécie humana e resultante do desenvolvimento da linguagem, conjunto de “sinais de sinais” que possibilitam o pensamento abstrato.Afirma Pavlov, citando seu predecessor Sctchenov, que “os pensamentos são reflexos cujas manifestações exteriores estão inibidas”. Os lobos frontais, onde se encontram os centros motores da palavra, são, principalmente, áreas de associação (áreas pré-frontais) e representam a base estrutural do segundo sistema. (ref. 1)
Em outras palavras, ainda de uma forma um tanto genérica, poderíamos admitir, sob o ponto de vista reencarnacionista, que ao subcórtex corresponde o arquivo de nossas existências pretéritas e ao córtex, em particular ao extrafrontal, corresponde o arquivo dapresente existência.O fato de as crianças serem descorticadas, parece vir a favor de tal hipótese, pois desta forma, o cérebro perispiritual teria plasmado durante a gestação, apenas o subcórtex, retratando nele somente a parte de seu acervo que se torna necessária ao espírito durante esta última existência.
3 - O MECANISMO DOS FENÔMENOS MEDIÚNICOS:
Conjugando-se a classificação de Aksacof com a hipótese neurofisiológica aventada no item anterior teríamos:
Os fenômenos mediúnicos personímicos ocorrem quando são feitas consultas ao córtex, ou seja, ao arquivo da existência presente.Nesta ocasião são trazidos até à mesa mediúnicos fatos pertencentes à última encarnação do próprio médium.
Os fenômenos mediúnicos anímicos ocorrem quando a parte consultada é o subcórtex ou o que eqüivale a dizer, o arquivo das existências pretéritas.Os acontecimentos que desta feita são relembrados pertencem ainda ao Espírito do médium, apenas acontecerem em vidas anteriores.
Os fenômenos mediúnicos espíriticos ocorrem, só quando existe uma causa extramediúnica, ou seja, alheia ao médium.Nesta hipótese, haveria não só a consulta aos arquivos do próprio espírito do médium, mas também, a participação, direta ou não, de outros Espíritos.
Neste ponto vale lembrar que é básico dentro do Espiritismo, que o fenômenos espíritico não ocorre isoladamente.Há sempre uma maior ou menor interferência do próprio médium, o que eqüivale a dizer, ocorrem concomitantemente fenômenos mediúnicos personímicos e anímicos.As vantagens e os inconvenientes deste fato serão examinados mais adiante.
4 - CORRELACIONAMENTO ENTRE ESPIRITISMO E ANIMISMO
O fenômeno anímico na esfera de atividades espíritas significa a intervenção da própria personalidade do médium nas comunicações dos espíritos desencarnados, quando ele impõe nelas algo de si mesmo à conta de mensagens transmitidas além-túmulo.
Essa interferência anímica inconsciente, por vezes, é tão sutil que o médium é incapaz de perceber quando o seu pensamento intervém ou quando é o Espírito comunicante que transmite suas idéias pelo contato perispiritual.Não podemos confundir o animismo com a “mistificação”, ou seja, a deliberação consciente de enganar, resultada da má intenção.
A criatura anímica, quando em transe pode também revelar o seu temperamento psicológico, as suas alegrias ou aflições, suas manhas ou venturas, seus sonhos ou derrotas.Se esta manifestação anímica é assinalada por cenas dolorosas, fatos trágicos ou detestáveis, então trata-se de médium desajustado ou doente que necessita mais de amparo e orientação espiritual.
A criatura que supera a maioria dos médiuns, pois se é inteligente, de moral superior e sensível à vida espiritualangélica, não deixa de ser um médium intuitivo-natural, um feliz inspirado que pode absorver diretamente na Fonte Viva os mais altos conceitos filosóficos da vida imortal e as bases exatas da ascese espiritual.
Só o médium com propósitos condenáveis é que pode ter remorsos de sua interferência anímica, pois nesse caso tratar-se-ia realmente de uma burla à conta de mediunismo.Não é passível de censura aquele que impregna as mensagens dos Espíritos com forte dose de sua personalidade mas o faz sem poder dominar o fenômeno ou mesmo distingui-lo da realidade mediúnica.
Só há um caminho para qualquer médium lograr o melhor êxito no seu trabalho mediúnico:É o estudo incessante aliado à disciplina moral superior.Nenhum médium ignorante, fantasioso ou anímico transformar-se-á em um instrumento sensato, inteligente e arguto, se não o fizer pelo estudo ou próprio esforço de ascensão espiritual.
5 - REFERÊNCIAS:
1. Cervino, Jayme - “Além do inconsciente”- FEB - RJ - 1ª Ed.
2. Aksakof, Alexander - “Animismo e Espiritismo” - FEB - RJ
3. Maes, Hercílio - Mediunismo - Liv. Freitas Bastos - Cr. 1961.
4. Xavier, Francisco Cândido - “Mecanismos da Mediunidade”- FEB - RJ
5. Bozzano Ernesto - “Animismo ou Espiritismo” - FEB - RJ
6. Crooks, William - “Fatos Espíritas” - FEB - RJ
7. Aksakof, Alexander - “Um caso de Desmaterialização” - FEB - RJ
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