27/07/2009

Allan Kardec - Um Homem Destinado a Uma Missão


ALLAN KARDEC - Um homem destinado a uma missão

O professor Hippolyte Léon Denizard Rivail — Allan Kardec — interessou-se pelos fenómenos espíritas no ano de 1855, quando o sr. Carlotti, seu amigo há 25 anos, lhe falou, pela primeira vez, da intervenção dos espíritos, e conseguiu aumentar as suas dúvidas sobre tais fenómenos.

Inicialmente, o professor Rivail esteve a ponto de abandonar as investigações, porquanto não era positivamente um entusiasta das manifestações espíritas... quase deixou de frequentar as sessões, não o fazendo em atenção aos pedidos do sr. Carlotti, e de um grupo de intelectuais que, confiando na sua inteligência, competência e honestidade, delegaram-lhe a ingente tarefa de compilar, separar, comparar, condensar e coordenar as comunicações que os espíritos lhes ditaram. Assinala Kardec que foram as meninas Baudin (Julie e Caroline – 14 e 16 anos de idade) as médiuns que mais concorreram para esse trabalho, sendo quase todo o livro escrito por intermédio delas e na presença de selecta e numerosa assistência. Foi, então, a casa da sonâmbula srª. 


Roger, em companhia do sr. Fortier, seu hipnotizador, e ali encontrou o sr. Pâtier e a srª. Plainemaison, que lhe falaram dos mesmos fenómenos referidos por Carlotti, mas em tom mais ponderado. O sr. Pâtier, funcionário público de meia-idade, muito instruído, de carácter sério, frio e calmo; de falar ajuizado, isento de qualquer arroubo, causou-lhe excelente impressão e, quando o convidou a assistir às experiências que se realizavam em casa da srª. Plainemaison, na Rua Grange-Batelière, n.º 18, em Paris, aceitou com sofreguidão. O encontro fora marcado para uma terça-feira de Maio de 1855, às oito horas da noite. Já anteriormente, em 1854, o prof. Rivail ouviu “falar, pela primeira vez, das mesas girantes, pela boca do sr. Fortier, magnetizador, com o qual entrara em relações para os seus estudos sobre magnetismo”. O sr. Fortier um dia falou-lhe: “Eis uma coisa mais do que extraordinária — não somente magnetizam uma mesa, fazendo-a girar, mas também a fazem falar; perguntam coisas e a mesa responde”. Allan Kardec replica: “Isto é outra questão: acreditarei quando puder ver com os meus próprios olhos e quando me provarem que a mesa tem um cérebro para pensar, nervos para sentir e que pode tornar-se sonâmbula: por enquanto, seja-me permitido dizer que tudo isso me parece um conto para fazer dormir em pé”. Em “Obras Póstumas”, Kardec comenta: “Era lógico este raciocínio: eu concebia o movimento por efeito de uma força mecânica, mas, ignorando a causa e a lei do fenómeno, afigurava-se-me absurdo atribuir-se inteligência a uma coisa puramente material. 


Achava-me na posição dos incrédulos actuais, que negam porque apenas vêem um facto que não compreendem”. Foi na casa da sr.ª Plainemaison, naquela terça-feira de Maio de 1855 já citada, que Hippolyte Léon Denizard Rivail assistiu pela primeira vez aos fenómenos das mesas que “giravam, saltavam e corriam, em condições tais que não deixavam lugar para qualquer dúvida. (... Eu entrevia, naquelas aparentes futilidades, no passatempo que faziam daqueles fenómenos, qualquer coisa de sério, como que a revelação de uma nova lei, que tomei a mim estudar a fundo (...) Os médiuns eram as meninas Baudin (Julie e Caroline). (...) Aí, tive o ensejo de ver comunicações contínuas e respostas a perguntas formuladas, algumas vezes até a perguntas mentais, que acusavam, de modo evidente, a intervenção de uma inteligência estranha”. São declarações do codificador. (3). 


E continua ele, em “Obras Póstumas”: “Compreendi, antes de tudo, a gravidade da exploração que ia empreender; percebi, naqueles fenómenos, a chave do problema, tão obscuro e controvertido, do passado e do futuro da humanidade. A solução que eu procurava em toda a minha vida. (...) fazia-se mister, portanto, andar com a maior circunspecção, e não levianamente; ser positivista, e não idealista, para não me deixar iludir”. Antes de dedicar-se ao estudo dos fenómenos espiritas, quem era Allan Kardec? Ele “nasceu na cidade de Lyon, na França, a 3 de Outubro de 1804, recebendo o nome de Hippolyte Léon Denizard Rivail”. “Os estudos de Kardec foram iniciados em Lyon, tendo-os completado em Yverdun, na Suíça, sob a direcção do célebre e inesquecível professor Pestalozzi”. (...) Teve uma sólida instrução, servida por uma robusta inteligência. Ele conhecia alemão, inglês, italiano, espanhol, holandês, sem falar na língua materna, e tinha grande cultura científica”. O seu trabalho pedagógico é rico e extenso. Produziu, na França, uma dezena de obras sobre educação, no período de 1828 a 1849. Os seus livros foram adoptados pela Universidade de França. Traduzia para a língua alemã, que conhecia profundamente, diferentes obras de educação e moral e, dentre elas, “Telémaco”, de Fénelon. Foi bacharel em Ciências e Letras. 


Membro de sociedades sábias da França, entre outras, da Real Academia de Ciências Naturais. Emérito educador, criou em Paris o Instituto Técnico, estabelecimento de ensino com base no método de Pestalozzi; foi professor no Liceu Polimático. Fundou, em sua casa, cursos gratuitos de química, física, anatomia comparada e astronomia, etc. Criou um método original, por processos mnemónicos, que levava o estudante a aprender e compreender as lições com facilidade e rapidez. No ano de 1832 casou-se com Amélie Gabrielle Boudet, professora com diploma de I classe. A sua doce Gabi, como ele carinhosamente a chamava, ajudou-o intensamente, tanto nas suas actividades pedagógicas quanto no seu fecundo labor pela causa espírita. 


 Como homem, foi um homem de bem; caracter adamantino, as qualidades morais marcavam a sua personalidade; na vida, a coragem nunca lhe faltou; nunca desanimava; a calma foi um destaque de seu carácter; de temperamento jovial, de inteligência brilhante, marcada pela lógica e pelo bom senso; não fugia à discussão, quando a finalidade era esclarecer os assuntos. “Allan Kardec foi o escolhido para tão elevada missão, como a de codificador, justamente pela nobreza de seus sentimentos e pela elevação do seu carácter, tudo aliado a uma sólida inteligência”. “Ele sujeitava os seus sentimentos, os seus pensamentos, à reflexão. Tudo era submetido ao poder da lógica. (...) 


Nada passava sem o rigor do método, sem o crivo do raciocínio. Filósofo, benfeitor, idealista, dado às ideias sociais, possuía, ainda, um coração digno do seu carácter e do seu valor intelectual”. «Conduzi-me, com os espíritos, como houvera feito com os homens. Para mim, eles foram, do menor ao maior, meios de me informar, e não reveladores predestinados. Tais as disposições com que empreendi meus estudos, e nelas prossegui sempre. 


Observar, comparar e julgar, essa a regra que constantemente segui.» A partir do instante em que se dedicou ao estudo dos fenómenos de intervenção dos espíritos, no ano de 1855, na casa da srª. Plainemaison, até ao ano de 1869, quando desencarnou vitimado pelo rompimento de um aneurisma, num dia 31 de Março, trabalhou intensa e incansavelmente, tendo produzido o maior acervo da doutrina espírita.





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